Viagens sem sair do lugar: idosos embarcam em aventuras imersivas com realidade virtual na Paraíba
5/20/2025


João Pessoa, PB – Viajar para praias paradisíacas, nadar com golfinhos ou explorar o fundo do mar… tudo isso sem sair do quarto. Parece impossível? Não para um grupo de idosos atendidos por uma iniciativa inovadora em João Pessoa, que está utilizando a realidade virtual como ferramenta terapêutica e de lazer.
O projeto, realizado de forma gratuita em instituições de longa permanência, oferece experiências imersivas em 360 graus, recriando cenários naturais e culturais que estimulam a memória, promovem bem-estar emocional e reacendem a curiosidade em pacientes da terceira idade.
Realidade virtual como ponte para a memória afetiva
A professora aposentada Lucille Oliveira, participante do projeto, descreve a experiência como algo transformador. “Já viajei com os golfinhos, estive numa praia deserta e minha amiga era uma tartaruga. É como sair da rotina e visitar outros mundos sem sair daqui”, contou emocionada.
Essas vivências são proporcionadas por óculos de realidade virtual conectados a conteúdos interativos cuidadosamente pensados para o público idoso. Os participantes podem “viajar” para cenários como florestas, oceanos, cidades históricas ou ambientes simbólicos que remetem a momentos marcantes de suas vidas.
Iniciativa tecnológica com foco na saúde mental
A ideia nasceu de uma startup paraibana, liderada pelo professor e fisiologista Lucas Carvalho, que uniu seus estudos acadêmicos sobre envelhecimento com o potencial das novas tecnologias. Com apoio da Fundação de Apoio à Pesquisa da Paraíba (Fapesq), o projeto vem sendo expandido por lares de idosos em várias cidades do estado.
“Durante meu doutorado, estudei os impactos do envelhecimento no cérebro. Daí surgiu o insight de aplicar a realidade virtual para criar estímulos sensoriais que ajudem a preservar a cognição e melhorar a qualidade de vida dos idosos”, explica Lucas.
Benefícios que vão além da diversão
Mais do que entreter, as viagens imersivas ajudam a estimular funções cognitivas, como memória e raciocínio, além de promoverem ganhos na comunicação verbal e no senso de orientação espacial dos idosos. Todos os participantes são monitorados por uma equipe de saúde durante as sessões, que avalia os efeitos físicos e emocionais da experiência, garantindo total segurança.
“O estímulo mental proporcionado é visível. Observamos melhora na interação social, no humor e até no controle da pressão arterial. Para muitos, é a chance de reviver memórias ou criar novas experiências sem as limitações físicas da idade”, complementa o fisiologista.
Um novo modelo de turismo emocional e acessível
Além dos aspectos terapêuticos, o projeto chama a atenção por oferecer uma forma de turismo emocional, acessível e inclusivo. Através da realidade virtual, pessoas com mobilidade reduzida podem conhecer lugares que talvez nunca visitariam fisicamente. Essa abordagem abre caminho para uma nova era de viagens virtuais com foco em bem-estar, educação e inclusão.
Com mais de 100 idosos já impactados, a iniciativa agora busca expandir seu alcance e levar a tecnologia para outras regiões do Brasil. “Nosso objetivo é democratizar o acesso a esse tipo de experiência. A realidade virtual pode ser uma ferramenta poderosa de transformação social quando usada com propósito”, destaca Lucas Carvalho.
